segunda-feira, 30 de abril de 2012

Não se esqueça

Ele estava lá, sentado na mesma mesa de todos os dias, que por conhecidencia, destino ou seja lá o que for, era a mesa diagonal a minha, eu o via perfeitamente, seus olhos grandes, porém caídos, seu cabelo castanho todo bagunçado por causa de seus redemoinhos, seus óculos escorregando pelo nariz e seu sorriso, bom.. esse eu não faço ideia de como seja, nunca pude o ver.
Uma mulher, dessas tipo capa de revista, chegou perto dele e balbuciou meia duzia de palavras que não despertaram interesse algum da parte dele, ele simplismente ignorou. Ela revirou os olhos e se foi. Eu o fitava de maneira tão intensa que quando essa mulher chegou com todo seu charme afrodisíaco, meu coração acelerou, meu sangue esquentou e eu podia sentir o ciúmes e a tristeza correndo por mim. Eu fui tão tola, como sentir algo dessa maneira por alguém que eu nem sabia ao menos o nome? Tudo que eu sabia é que ele estava sempre alí na mesma mesa, com sua xícara lascada com café quente até a boca, seus óculos grandes que aumentavam seus olhos mais ainda e um livro que lia já a uma semana e era mais grosso do que todos os livros juntos que eu havia lido em um ano.
E como todos os dias, lá estava ele, indo embora, sabe-se lá pra onde, sabe-se lá por que, estava apenas indo e me deixando alí, como de costume. Arrumava seus óculos, fechava seu livro e virava-se para ir.
Ele era muito distraído, sempre esquecia algo, porém nunca voltava pra buscar, deixava lá de qualquer jeito sem nem se importar, o meu coração.