quinta-feira, 3 de maio de 2012

Contagem regressiva.

Ele era ótimo. Desde a primeira vez, sempre ria das minhas piadas na hora certa, me convidava para visitar galerias e bares que eu jamais pensei em ir, tinha um perfume que na verdade era mistura do cheiro do cigarro com chiclete de menta, não sei porque mas esse cheiro me atrai tanto, e o sorriso.. ah, o sorriso.
Certo dia fui a sua casa, e como de costume lá estava ele com seu all star sujo, seu jeans rasgado e uma camiseta amaçada de uma dessas bandas dos anos 80. Boa parte daquela tarde ele gastou vangloriando sua tão amada coleção de discos do Pink Floyd, confesso que não sou a fã número 1 de Pink Floyd, muito menos a número 999, mas até eu invejo aquela coleção. Foi entre uma música, um sorriso, outra música, um cafuné, que ele disse então, que iria partir. Mas, partir para onde? Não disse, apenas foi.
Tudo que sobrou foi meu coração na mão e o cheiro de cigarro no meu cardigan.
Após exatos 63 dias, ele voltou. Fui correndo encontrá-lo, a minha pele fervia de tão quente, em pleno inverno, fervia de saudade.
Quando abracei-o, foi que notei, ele já não era mais o mesmo, não ria das minhas piadas, não se irritava com meu sarcasmo, o cheiro de cigarro foi embora, dando lugar a um perfume excentrico, forte, daqueles que ataca minha rinite, que eu detesto. E o sorriso? Ah, o sorriso.. estava escondido, não apareceu nem ao menos para acelerar meu coração.
Demorei 17 encontros e 63 dias de solidão para finalmente descobrir quem ele era para o mundo e  quem ele escondia de mim.
Odeio ser a última a saber.. a sofrer.

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